Projeto para o Architecture Pavilion Competition promovido pela revista sérvia Arhitekton com o patrocínio da empresa Kingspan foi o terceiro colocado. O projeto, desenvolvido pelo estúdio Nimbu, de Florianópolis SC, será exibido em maio em evento na cidade de Belgrado. Sem local definido, o projeto é itinerante e será apresentado na “The 2nd Annual Arhitekton Magazine Award” entre 17 e 19 de maio em Belgrado, no Museum of King Peter I.
Conceito
A concepção de um pavilhão de arquitetura que seja universal, “timeless” e “spaceless” não deve estar ligada à ideia de conceber uma construção sem significado. Pelo contrário, um pavilhão de arquitetura que intenciona ser contemporâneo deve ser uma construção que procura renovar a própria arquitetura. Juhani Pallasmaa diz que a renovação de uma arte, qualquer que ela seja, significa redescobrir sua essência mais profunda, e que a arquitetura é uma expressão direta da existência, da presença humana no mundo.
O contato do homem com a arquitetura é fundamental para que esta se realize na dimensão artística, porque só a partir do ato de introspecção da consciência submetida a ela é que a arquitetura passa a existir além da dimensão física. Olhar, contemplar o fenômeno da arquitetura é enxergar a linguagem interna da construção.
Dependendo da consciência do ser humano e do ato da introspecção para se realizar completamente, a obra de arquitetura então nunca é igual para todas as pessoas, ela varia, pois está diretamente relacionada com interpretações íntimas e pessoais. A consciência do ser humano é atingida por imagens, no caso do pavilhão de arquitetura, imagens compostas por formas geométricas que se associam.
Inicialmente a geometria do pavilhão era composta basicamente por duas caixas, uma opaca exterior e outra transparente contida na primeira. Essas se decompuseram posteriormente em formas mais simples e arquetípicas – viraram paredes, pórticos, chão, porta, empenas e janela – que possibilitam maior número de interpretações.
Esses elementos arquitetônicos fazem claramente a distinção entre o interior e o exterior, no entanto não os alienam.
De dentro da primeira “caixa” opaca pode-se ver outro lugar ainda mais interior dentro da “caixa” transparente, e de dentro desta, um banco se oferece à contemplação do céu. Heidegger formulou uma quaternidade composta pelo céu, terra, seres divinos e seres mortais. Esses elementos conformam o mundo-da-vida, o céu é onde habitam os seres divinos e a terra é o que tem as coisas e os seres mortais. O caráter desse pavilhão é então definido através do contato entre esses elementos, que conformam um lugar onde a consciência do homem aflora e a arquitetura se realiza.
Equipe: NIMBU: Diego Fagundes, Erica Mattos, Paula Franchi e Romullo Baratto, Florianópolis – SC